Clubes em Ribeirão Preto suspendem venda de bebidas destiladas após alerta de intoxicação por metanol
Quatro clubes de Ribeirão Preto suspendem venda de destilados Quatro clubes de Ribeirão Preto (SP) suspenderam nesta semana, por tempo indeterminado, a venda ...

Quatro clubes de Ribeirão Preto suspendem venda de destilados Quatro clubes de Ribeirão Preto (SP) suspenderam nesta semana, por tempo indeterminado, a venda de bebidas destiladas, como uísque, vodca, gin e similares. São eles: Magic Gardens, Palestra, Recreativa de Campo e Ipanema. A decisão foi tomada após um alerta do Sindicato dos Trabalhadores de Clubes (Sindesporte) sobre casos de intoxicação causados por bebidas adulteradas com metanol, substância altamente tóxica. O Regatas, por sua vez, manteve a comercialização. A diretoria informou, em nota à EPTV, afiliada da TV Globo, que não seguiu a recomendação porque compra há anos do mesmo distribuidor, que apresentou documentação comprovando a legitimidade dos produtos. O clube ainda afirmou que o estoque atual é suficiente para três a quatro meses e que, caso houvesse risco de contaminação, ele já teria sido identificado. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, o estado de São Paulo soma 162 notificações relacionadas à intoxicação por metanol: 14 confirmados e 148 em investigação. Entre os confirmados, dois resultaram em morte, ambos na capital paulista. Outros sete óbitos suspeitos seguem em análise, incluindo um em Cajuru (SP). As unidades de saúde foram orientadas a reforçar o atendimento a pacientes com sintomas de intoxicação, como dor abdominal intensa, tontura, confusão mental e alteração na visão. O atendimento médico em até seis horas após o início dos sintomas é considerado essencial para evitar cegueira permanente e até a morte. Clubes de Ribeirão Preto (SP) suspendem venda de destilados após alerta de contaminação por metanol Marcelo Moraes | EPTV Clubes adotam medidas preventivas No Ipanema Clube, localizado no bairro Campos Elíseos e com cerca de 800 associados, a venda de destilados foi interrompida após reunião da diretoria. O presidente Ademar Teixeira Campos Júnior disse que a prioridade é proteger os frequentadores. “Nos reunimos com toda a diretoria e a nossa preocupação é com a saúde, não com a venda de bebidas. Quem está falsificando não são os supermercados, eles também acabam sendo vítimas. A suspensão é preventiva, e todos os associados estão de acordo. Quando houver segurança, vamos liberar novamente”. LEIA TAMBÉM Jovem de Cajuru que morreu por suspeita de intoxicação por metanol bebeu cachaça e teve parada cardíaca, diz família Dono de distribuidora é preso ao admitir que vendia bebidas falsificadas no interior de SP, diz polícia Antídoto contra metanol: HC de Ribeirão Preto vai ter tratamento para pacientes com intoxicação Intoxicações por metanol: laboratório da USP em Ribeirão Preto vai receber amostras para análises em até 1 hora A operadora de caixa Patrícia Marques detalhou como a medida foi aplicada: “Todas as bebidas que temos agora são cervejas, água, refrigerantes, tônicos e energéticos. Os destilados foram levados para outro ambiente fora daqui. Pausamos as vendas porque não sabemos de onde vem o problema. É melhor a gente se precaver”, disse. No Magic Gardens, no Jardim Alexandre Balbo, a suspensão vale para os 12 pontos de venda de alimentos e bebidas dentro do clube, que conta com 40 mil sócios. O administrador Alexandre Balbo explicou que a medida foi necessária diante da gravidade da situação. “A partir do momento em que começaram a aparecer os casos, a gente achou melhor proibir a venda de gin, vodka e outras bebidas destiladas. Pode ser até que alguns fornecedores sejam prejudicados, mesmo estando corretos, mas o que é correto numa situação dessa? Entramos em um cenário delicado, que exige algum selo ou controle para evitar que isso aconteça. É um efeito cascata muito perigoso”, disse. Clubes de Ribeirão Preto (SP) suspendem venda de destilados após alerta de contaminação por metanol Marcelo Moraes | EPTV Fiscalização e recomendações A força-tarefa do Governo de São Paulo já resultou na prisão de 41 pessoas em 2025 por envolvimento em falsificação de bebidas, sendo 19 delas apenas nesta semana. Desde segunda-feira (29), foram recolhidas 6,9 mil garrafas suspeitas. No acumulado do ano, as apreensões somam 50 mil garrafas de bebidas alcoólicas adulteradas e 78 mil rótulos usados em falsificações. Só em setembro, mais de 43 mil fiscalizações foram realizadas em bares, adegas, restaurantes e comércios de bebidas nos 645 municípios paulistas. Com o aumento das ocorrências, a Vigilância Sanitária e entidades como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) reforçaram a necessidade de atenção redobrada na compra de bebidas alcoólicas. A orientação é sempre verificar rótulos, lacres e procedência e desconfiar de produtos com preços muito abaixo do mercado. O metanol, também chamado de álcool metílico, é usado na indústria como solvente e combustível. Quando ingerido, pode causar dor de cabeça intensa, náusea, vômito, dor abdominal, confusão mental, visão turva, que pode evoluir para cegueira, além de convulsões. Em casos graves, pode levar ao coma ou até à morte. O risco está no processo de metabolização: dentro do corpo humano, o metanol se transforma em ácido fórmico, composto que compromete a oxigenação das células e pode provocar falência múltipla de órgãos. Bebidas adulteradas Reprodução/EPTV Testes em 1 hora e antídoto O HC de Ribeirão Preto é um dos hospitais que vai receber duas mil ampolas de etanol etílico absoluto, considerado um antídoto para o tratamento de pacientes com intoxicação por metanol. O anúncio foi feito na manhã desta sexta-feira (3) pela Secretaria Estadual de Saúde. Também em Ribeirão Preto, um laboratório da USP de Ribeirão Preto foi escolhido para auxiliar nos esforços de diagnóstico de intoxicação por meio de exames com resultados em até uma hora. A expectativa é de que pelo menos dez casos sejam encaminhados à unidade do interior para reforçar os trabalhos da capital. O que acontece no corpo nas primeiras 12, 24 e 48 horas após beber metanol *Sob supervisão de Helio Carvalho Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região